Os loucos anos portugueses
No início da década de 50, Portugal encontrava-se na primeira linha do que de melhor se fazia por essa Europa fora, a nível de fabrico de automóveis de competição, tal como é relatado na «História do Automobilismo Português», de José Barros Rodrigues (Ed. Talento).
FAP
A FAP foi a primeira marca a surgir nos anos 50, sob o espírito empreendedor de Fernando Palhinhas, que decidiu transformar o seu velho Adler, dos anos 30, num automóvel que baptizou como FAP. Foi uma das marcas que mais presenças registaram nas competições nacionais, sobretudo através do seu primeiro piloto, Abílio de Barros.
DM
Seguiu-se, em 1951, a Dima - mais tarde DM. A alteração da designação ficou a dever-se ao pedido da Panhard, que então comercializava o modelo Dyna, com o qual se poderia estabelecer alguma confusão fonética. Foi uma das mais importantes marcas de competição que nasceram em Portugal, mas acabou por desaparecer em 1954, justamente na altura em que se estreavam outros construtores nacionais.
Alba
Em 1952, nascia a Alba. Ao contrário da FAP e da DM, apenas construiu três exemplares, dois semelhantes entre si e o último mais curto e mais leve, mas semelhante na estética.
A Alba foi uma das marcas mais consistentes do panorama automobilístico nacional e no seu currículo consta, inclusivamente, a construção de um motor, um quatro cilindros quadrado – curso e diâmetro de 78 mm – com 1500 cc, duas árvores de cames à cabeça e duas velas por cilindro, todo em alumínio.
Atnerap, PE, MG Canelas e Marlei
A estas marcas sucederam-se outras, com maiores ou menores recursos técnicos. Em Lisboa, nascia a Atnerap, de António Augusto Parente, um concorrente habitual das provas automobilísticas e um antigo produtor de bicicletas.
No Porto, a Fábrica de Produtos Estrela, de Adérito Parente, também entrou na competição com um automóvel de menores dimensões, o PE, que utilizava o motor da Panhard de dois cilindros horizontais opostos, com 850 cc.
Em Águeda, entretanto, nasceria outro dos mais belos automóveis portugueses de competição – o Olda, de Joaquim Correia de Oliveira, também de linhas clássicas bem lançadas. Tendo começado com um motor Fiat 1100, o Olda teve de adaptar-se às novas regras e recorreu, na parte final da sua carreira, a um motor Borgward de 1500 cc.
Em Lisboa, o eng. José Jorge Canelas desenhou um dos mais belos automóveis de competição da sua época. Não teve marca própria, mas ficou conhecido como o MG Canelas. Do ponto de vista da mecânica, o trabalho consistiu na optimização de um motor MG de 1500 cc., totalmente revisto e aligeirado.
Outros automóveis portugueses participaram também nas competições nacionais. O Marlei, de Mário Moreira Leite, com mecânica Opel, o Morsilca, com mecânica Renault, o MG Aranhiço concebido pelo mecânico Mário de Jesus, o Fiat especial de António Correia Leite e o impressionante AR, de Castelo Branco, que, em 1955, ficou em segundo lugar absoluto na Volta a Portugal «entalado» entre dois Mercedes 300 SL, são ainda outros importantes exemplos de técnicos portugueses que tinham ideia e as materializaram da forma que melhor souberam, alguns deles com grande sucesso desportivo… e também estilístico.
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Etiquetas: mundo automóvel
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